quinta-feira, janeiro 14, 2010

“WaterGate” Eborense ou o caso do corte do fornecimento de água à cidade

Agora que a poeira assentou ou, mais concretamente os “iões de alumínio” segundo o ainda Presidente da Câmara Municipal de Évora, julgo ser a altura de tecer algumas considerações a este caso e também ao vergonhoso chorrilho de comunicados lançados para a comunicação social por parte de José Ernesto Oliveira e “sus muchachos”.
Comecemos pelo ponto fulcral da questão, que foi o corte do abastecimento de água em plena época de abundância sem qualquer aviso prévio à população. De acordo com as informações oficiais e em teoria, os reservatórios do Alto de São Bento (com capacidade de cerca de 21 mil metros cúbicos de água), conseguiriam abastecer a nossa cidade durante dois dias, mas tal não aconteceu.
Perante esta situação duas questões se me levantam: ou os reservatórios estavam vazios ou o corte do abastecimento foi efectuado dois dias antes do publicamente assumido pela CME. Se os reservatórios estavam vazios, a CME tem de explicar à população o porquê dessa situação, uma vez que a mesma a ter acontecido é anómala; se o corte de abastecimento foi feito dois dias antes do assumido pela CME significa que o elenco camarário já sabia da contaminação da água há mais tempo e que para poder escoar esta, não teve qualquer pejo em fornecê-la à nossa população.
Atendendo a estas duas questões compete ao Sr. José Ernesto Oliveira responder às seguintes questões:
• Estavam ou não os depósitos de Reserva vazios?
• Desde quando soube a CME desta contaminação?
• Existe um Plano de contingência para este tipo de situação? Se existe qual é? E porque não funcionou?
• Em que medida foi afectada a qualidade de vida dos Eborenses?
• Deve a CME pedir desculpa à população em virtude da falta de aviso?
• Quem deve ser responsabilizado pelos danos causados aos comerciantes e à população em geral, a CME ou a Águas do Centro Alentejo?
Passemos então aos comunicados emitidos pelo elenco camarário e seus assessores, cheios de contradições relativamente às informações divulgadas no próprio dia pelo Ministério do Ambiente, pela Quercus e pela Águas do Centro Alentejo, no dia dos acontecimentos.
No dia 06 de Janeiro o ainda Presidente da CME passou o tempo em comunicados aos órgãos de comunicação social (principalmente às televisões) que começaram por indicar como causa provável do corte o rebentamento de condutas até à versão final da contaminação por iões de alumínio devido ao excesso de precipitação e que teria sido uma situação repentina. Qualquer das versões foi prontamente contrariada em comunicados do Ministério do Ambiente e da Quercus, que apontavam para erro humano ao nível do tratamento e em comunicado da Águas do Centro Alentejo no qual é expresso que desde o fim-de-semana anterior (2 e 3 de Janeiro) se sabia que existia contaminação na água do Monte Novo, situação esta que levou a que os municípios de Reguengos de Monsaraz e Mourão deixassem de ser abastecidos pela referida albufeira e passassem a ser abastecidos pela albufeira da Vigia desde essa data.
Se esta última situação for verdadeira, torna-se vergonhosa e inexplicável a posição da CME relativamente Águas do Centro Alentejo, enquanto seu fornecedor de água, uma vez que a CME enquanto cliente desta empresa tem a obrigação e o dever moral de exigir um fornecimento de água de qualidade para os seus munícipes.
Por último, e não quero acreditar que seja verdade a aparência, de que o Sr. José Ernesto Oliveira foi o último a saber de todas os factos que levaram a esta situação, compete ao Presidente da CME responder às questões levantadas pela oposição com a maior urgência.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Sem comentários:

Enviar um comentário