quarta-feira, dezembro 16, 2009

Mobilidade de/em Évora


Parado num semáforo (que sem se perceber porquê esteve vermelho cerca de 20 minutos) junto ao Rossio, dei por mim a pensar como é que a cidade de Évora se transformou, de uma cidade onde facilmente nos deslocávamos a qualquer sítio, numa cidade com todos os problemas de trânsito e mobilidade que hoje apresenta.
Uma parte da responsabilidade desta mudança cabe claramente a todos os cidadãos (eborenses e visitantes) que nela circulam uma vez que, tal como a maior parte dos portugueses, os eborenses gostam de levar o automóvel até a porta de casa e/ou trabalho e julgam que existe sempre um lugar de estacionamento livre à sua espera.
Ora esta última situação é difícil de acontecer porque, hoje em dia, os lugares de estacionamento (pagos ou não) são manifestamente insuficientes para a quantidade de veículos que na nossa cidade circulam.
A outra parte da responsabilidade cabe naturalmente aos nossos governantes bem como aos gabinetes técnicos (municipais ou privados) que produzem estudos e apresentam (ou não) soluções para estes problemas.
Sendo certo que errar é humano, como é possível que, desde que o PS lidera a CME cada vez que se faz alguma alteração as vias de trânsito ou aos sentidos de circulação das mesmas, a situação piora, levando a que Évora, com pouco mais de 50 mil habitantes, tenha “hora de ponta”!!!!? Se a nossa cidade tivesse alguns milhões de habitantes (ainda bem que não tem) como Luanda, de onde regressei a pouco tempo e onde os problemas de trânsito são realmente preocupantes mas que têm razão de ser, talvez fosse compreensível que tal acontecesse.
Esta situação, na minha opinião, deve-se a duas situações: a incompetência dos referidos gabinetes e à falta de uma política que defenda realmente a mobilidade dos eborenses.
Quanto à incompetência dos serviços pouco há a fazer, uma vez que os mesmos são normalmente compostos por amigos do partido que está no poder e não necessariamente pelos profissionais mais competentes. Este facto leva também a que os bons profissionais que nestes serviços existem tenham alguma dificuldade e receio em implementar soluções diferentes e por vezes mais eficazes, pois estas poderão ser antagónicas com a visão que o elenco executivo da CME defende.
Ora quanto a esta última situação, parece-me que ao executivo do Presidente da CME lhe faltam as ideias e a coragem de implementar ideias (não só neste tema), fazendo com que se torne preocupante a situação em que nos vamos afundando todos os dias.
No que a mim me diz respeito, penso que a circulação de veículos no centro histórico devia ser limitada a transportes públicos, veículos de emergência e veículos de cargas e descargas (apenas em determinados horários).
Com esta restrição à circulação de veículos no centro histórico, poderiam ser aumentadas as zonas exclusivamente pedonais, podendo também ser incentivado um maior uso de bicicletas por parte dos cidadãos, modelo utilizado na Holanda há já muitas décadas.
Mas para que este modelo funcione, é necessário que exista uma rede de transportes públicos eficiente e de qualidade, o que manifestamente não acontece na nossa cidade.
Penso que é tempo de os eborenses tomarem uma posição e exigirem ao executivo liderado pelo José Ernesto Oliveira uma posição concreta, um plano para que o caos que temos de suportar diariamente termine.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

terça-feira, dezembro 15, 2009

Despesismo das Governações PS

No Sábado passado, aquando de uma deslocação que efectuei para os lados de Estremoz, apercebi-me de uma “espécie” nova que começa a proliferar ao longo do território nacional: as tendas das inaugurações do PS.
Não é preciso prestarmos muita atenção para as descobrir pois, os seus mentores fazem questão de as posicionar para que sejam visíveis pelo maior número possível de pessoas do povo (assim gostam os políticos do PS, de se referir aos cidadãos que os elegem).
Esta nova “espécie” prolífera porque, infelizmente, os governantes eleitos pelo PS (e disso são bom exemplo José Sócrates e José Ernesto Oliveira) preferem fazer uma política de imagem, de “show-off”, praticamente desprovida de conteúdo e de ideias que visem a melhoria das condições de vida dos cidadãos que os elegeram; uma política em que se promete antes das eleições e apenas se cumpre, sempre nos meses finais de mandato pois a memória do povo é curta, meia dúzia de pontos do programa eleitoral que os levou ao poder, normalmente os que proporcionam condições de aparecer.
O que me incomoda, para além do facto óbvio de o PS estar a liderar o governo do nosso País bem como o da nossa Autarquia, é o facto de estas tendas, bem como todo o equipamento acessório utilizado nestas inaugurações, ser pago pelos nossos impostos. E aqui é que está o cerne da questão, uma vez que, tanto o Primeiro-ministro como o Presidente da CM Évora passam o tempo a lamuriar-se de falta de verbas.
Este despesismo do PS, em inaugurações que na maior parte dos casos (veja-se a quantidade de vezes que o Presidente da CME já lançou primeiras pedras de investimentos aeronáuticos ou a quantidade de PIN que o Primeiro-ministro vociferou na Comunicação Social) se ficam exactamente por isso, o que embora possa parecer de pouca monta mas somados todos os eventos, dará certamente belas quantias que poderiam ser melhor aplicadas.
Quando nos é pedido que “apertemos o cinto” porque o tempo é de crise, talvez fosse boa ideia que quem tem responsabilidades governativas (nacionais ou autárquicas) desse o exemplo, começando por cortar a despesa no que não é essencial (certamente as inaugurações se enquadram neste campo), pois cortando nas despesas de pequeno valor mas que se repetem no tempo, se poupará algo de relevante, uma vez que nos tempos que correm certamente não será pelo aumento da receita que se irá arranjar mais verbas para uma boa governação.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

quinta-feira, dezembro 10, 2009

"Política do Coitadinho"

Ao ler o artigo “Código Político e a Coligação das Oposições” da deputada do PS Paula Deus publicado no Diário do Sul de 10 de Dezembro de 2009 bem como o artigo “Governa quem ganha eleições” colocado pelo seu camarada (se eu fosse comunista não gostaria de ser chamado de camarada tendo estes camaradas como referência) Francisco Costa no seu blogue O Quatro a 9 de Dezembro de 2009, algo de comum se me apresenta.
Ambos os artigos, na sequência da perda da maioria absoluta na AR bem como na manutenção do PS na CME sem maioria, vêm passar a imagem de um PS que em virtude de não saber (des)governar sem maioria (e o que Portugal sofreu durante a última legislatura), faz agora a “Política do Coitadinho” em que por clara falta de ideias e soluções exequíveis sem que os cidadãos sejam mais massacrados com um aumento da carga fiscal, atira as culpas a tudo e a todos na oposição, sobre o que de mal correr nos seus mandatos.
Não me esqueço que quando o PS se encontrava em maioria na AR, alguns dos seus deputados e membros do (des)governo de Portugal dizerem alto e em bom som que o Presidente da República apenas tinha que fazer o seu papel a promulgar ou vetar os diplomas aprovados na AR, uma vez que os mesmos tinham sido votados favoravelmente por uma maioria de deputados. Ora a mesma situação acontece hoje, simplesmente os eleitos que possibilitam a aprovação de diplomas na AR ou na CME, não são todos do PS.
Mas voltando aos artigos em questão, talvez fosse bom que alguém explicasse a estes senhores que quando se (des)governa com a sobranceria e arrogância a que o PS nos habituou, que se tivessem realmente governado (tanto o País como a cidade) com a ideia de atingir um bem comum, de defender quem os elegeu em vez de apenas olharem aos interesses dos seus compadres, talvez agora não necessitassem de tentar desviar a atenção do eleitores para a sua falta de competência, nem necessitassem de apresentar esta falsa humildade, esta “Política do Coitadinho”, este ar de “menino queixinhas” que se diz de mãos atadas para fazer o seu trabalho em virtude das “coligações negativas” (assim apregoadas pelo PS) que pretendem apenas ser um governo (nacional e autárquico) sombra, assim os obrigarem.
Outra das coisas que me irrita (certamente não será só a mim) é o facto de o PS utilizar esta situação de minoria para “chantagear” politicamente a oposição com a ameaça de eleições antecipadas, sendo que esta situação, na óptica do PS, seria culpa da impossibilidade governativa criada pela oposição e não da sua incompetência na procura e implementação de soluções governativas consensuais que visem a melhoria da nossa Cidade e do nosso País.
Já agora, gostaria de corrigir (espero que não leve a mal) a Sr.ª deputada na citação que fez a uma canção, uma vez que a citação correcta da referida canção é : “São os Loucos de Lisboa/Que nos fazem duvidar/ Que a Terra gira ao contrário / E os rios nascem no mar”.
Penso que resta a este PS uma de duas alternativas, tanto a nível nacional como autárquico: ou realmente se começa a interessar pelo bem-estar dos Portugueses e a governar dentro das vicissitudes que um governo sem maioria tem suportar, mostrando se tem a competência necessária para o fazer ou demitem-se, convocando eleições antecipadas e assumindo perante os cidadãos que apenas está interessado em (des)governar em maioria.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Isenção de IMI no Centro Histórico de Évora

No passado dia 03 de Dezembro li um artigo no Diário do Sul do Sr. Francisco Costa, funcionário do Gabinete do Presidente da CME, em que o mesmo se insurge, novamente, contra a isenção de IMI para os imóveis do nosso centro histórico bem como contra os diversos artigos divulgados e publicados pelos membros da oposição ao PS.
Não me parece absurdo que o mesmo assim proceda, uma vez que se tal não acontecesse talvez essa situação lhe custasse o lugar no referido Gabinete, o que para um jovem licenciado (sem experiência profissional relevante) que se tem dedicado exclusivamente à Política poderá ser gravoso, sabendo nós como o desemprego de jovens licenciados tem aumentado na nossa cidade.
Mas voltando ao tema desta crónica, existem duas situações que me incomodaram neste artigo.
Incomodou-me o facto de os nossos impostos estarem a ser gastos no salário de assessores como este, uma vez que o mesmo, para o bom desempenho das suas funções deverá defender acima de tudo a população que elegeu este elenco camarário e não apenas o Partido do qual faz parte bem como as ideias estapafúrdias que de vez em quando se apoderam dos nossos autarcas.
Este assessor não deveria esquecer-se que se o seu partido perder a confiança dos eleitores, apenas conseguirá manter a sua profissão durante os próximos quatro anos, pese embora, que pelo caminho que o Sr. Presidente da CME está a enveredar, seguido pelos seus correligionários (cada vez menos mesmo no PS, uma vez que os mesmos estão um pouco desiludidos com o comunista disfarçado de socialista Presidente da CME), me pareça que o mandato não chegará até 2013.
Incomodou-me também, por outro lado e este o principal, o facto de o Sr. Presidente da Câmara continuar a insistir numa medida completamente discriminatória para os proprietários de imóveis no centro histórico de Évora, defendendo que os mesmos não deveriam estar isentos de pagamento de IMI, uma vez que em todas as autarquias em que existem situações semelhantes esta isenção é aplicada.
Felizmente a oposição (CDU e PSD) teve mais bom senso que o PS e aprovou uma medida que possibilita esta isenção.
Parece-me que a margem de manobra que ainda alguns eborenses deram ao PS nas últimas autárquicas começa a encurtar, fazendo com que o Presidente da Câmara só tenha duas opções: ou defende os interesses da população que (infelizmente) o reelegeu ou pede a demissão, pois os eborenses estão fartos de serem defraudados por esta linha de (des)governação autárquica.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Médicos no Interior do País

Há uns dias atrás vi num dos muitos noticiários da nossa televisão que o Estado Português se preparava para oferecer mais um incentivo à “necessitada” classe médica, incentivo este que consiste num subsídio de aproximadamente 750€ mensais para que os médicos se sintam motivados a instalarem-se nas Províncias do interior de Portugal.
Será que é só a mim que esta medida soa a imoral?
Concordo, e penso que todas as pessoas concordarão, que todas as medidas que incentivem a fixação de população ou a fixação de profissionais no interior são de louvar, sendo que neste último campo podemos inserir a fixação de médicos.
Num interior que tanto sofre com os diversos défices de profissionais na área da medicina, todos os médicos que pretendam desenvolver a sua actividade nestas áreas serão poucos e decerto bem-vindos mas, não há custa dos já depauperados cofres do Estado, não há custa de beneficiar economicamente uma classe já de si beneficiada e com diversos tipos de privilégios na nossa sociedade.
Quando se envereda, na minha humilde opinião, pela carreira de medicina o objectivo e dever principal será o de ajudar os seres humanos que de cuidados médicos necessitem. Contudo, hoje em dia, parece-me que a maior parte dos médicos tem os objectivos um pouco confusos e apenas pensa na retribuição monetária que apenas os grandes centros populacionais lhes podem proporcionar.
Na mesma reportagem, foi entrevistado um médico que se fixou na Covilhã e que afirmou, um pouco indignado com esta medida (pelo menos assim me pareceu), que quando decidiu fixar-se no interior o maior incentivo foi o poder exercer a profissão que tinha escolhido, foi o poder fazer aquilo que é suposto os médicos fazerem, que é, prestarem os cuidados médicos a quem deles necessita.
Para mim bastaria uma proibição de exercerem a sua profissão no caso de recusarem uma colocação num hospital do interior, para esta situação ser resolvida e faço esta sugestão, pois os professores se não aceitarem o local onde são colocados pelo Ministério da Educação são inibidos legalmente de leccionarem durante um determinado período e penso que os professores (tal como qualquer outra categoria profissional) não são menos que os médicos.
A medida é bem-intencionada mas parece-me que está na hora de como o povo diz os médicos “terem vergonha na cara” e desempenharem a sua função.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

quarta-feira, novembro 25, 2009

Violência Doméstica

Sendo um fenómeno com o qual não posso de maneira nenhuma concordar, ao ver as intervenções dos deputados da Assembleia da República (através da AR TV), um sentido de injustiça para com os homens se levantou, aquando das intervenções acerca da celebração do Dia Internacional contra a Violência sobre as Mulheres.
Foi tónica comum, nas intervenções de todas as bancadas, a ideia de que a violência doméstica é sempre perpetrada pelos homens, sendo a vítima a mulher; mas será esta ideia real ou apenas mais uma das ideias preconcebidas que se tentam passar (principalmente pelo lobby femininista).
Na maioria dos casos que chegam à nossa justiça, é realmente o homem que pratica o crime em questão mas, existe uma pequena parte em que são as mulheres a agredir os seus companheiros.
É nesta pequena faixa que gostaria de desenvolver o meu raciocínio, considerando que estes homens são verdadeiros heróis ao reconhecerem publicamente que são agredidos pelas suas companheiras. Falo de heróis, uma vez que é precisa muita coragem para numa sociedade tendencialmente machista assumir que se foi agredido por uma mulher, sendo também necessária uma enorme coragem para um homem assumir que é uma vítima, uma vez que culturalmente (não podemos esquecer que somos latinos) o homem não se pode vitimar.
Penso que não deveria ser celebrado um dia contra a violência sobre as mulheres, quando associamos essa celebração ao combate à violência doméstica, uma vez que as mulheres não são sempre as vítimas. Por este motivo parece-me mais justo que seja celebrado um dia contra a violência doméstica, pois assim salvaguardaríamos todas as vítimas, sejam elas mulheres ou homens, todos os Humanos que neste fenómeno são envolvidos.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

(in)Segurança em Portugal

Há uns dias atrás foram divulgados os dados relativos à criminalidade em Portugal e os mesmos apenas me fizeram por a questão que dá título a esta crónica. Embora sejamos um povo de brandos costumes, habituados a uma criminalidade com recurso a pouca violência, vivemos num País violento?
Se atendermos, exclusivamente, aos números divulgados cairia na tentação de dizer que sim mas, será esta leitura correcta?
Portugal, está definitivamente diferente no que concerne à criminalidade a que estávamos habituados mas, posso afirmar com toda a certeza que não é um país violento, apenas um país mais inseguro.
Esta insegurança é uma consequência directa da livre circulação de pessoas que existe no espaço da União Europeia e do fenómeno da Globalização, uma vez que de acordo com os dados divulgados, os crimes mais violentos têm sido perpetrados principalmente por cidadãos estrangeiros (mais habituados a este nível de violência) ou então por jovens portugueses descendentes destes mesmos estrangeiros, através de uma cultura de gangs, que até há poucos anos atrás apenas veríamos no cinema.
Mas este aumento de insegurança no nosso país, não é da responsabilidade total destes cidadãos mas também, do tipo de legislação e Sistema Judicial implantados em Portugal. Não podemos desincentivar a prática de crimes se temos uma legislação inadequada ao tipo de crime praticado (quer em termos de medidas de coacção quer em termos de pena) e se também temos um Sistema Judicial que em grande parte dos casos é obsoleto, que protege na maioria das situações o criminoso e que, indubitavelmente passa a sensação, pelo menos para mim, de que existe uma justiça para os ricos e outra para os pobres.
Aponto ainda um último factor para o crescimento da criminalidade violenta em Portugal sendo este, o facto de termos, na sua maioria, um corpo policial mal preparado física, psicologicamente, mal equipado a todos os níveis (não faz sentido que os agentes e militares das nossas forças de segurança tenham de pagar o seu equipamento de trabalho ou, que no caso de estragarem a farda em serviço, a sua substituição e/ou reparação seja a seu cargo) e mal remunerado (havendo mesmo disparidades entre elementos de diferentes entidades policiais, que em situação semelhante, que podem chegar a 70%).
Pelo exposto, não tenho qualquer problema em afirmar que, comparativamente a outros países Portugal ainda é um país seguro mas que caminha a grande velocidade para deixar de o ser, sendo necessário que o Governo de José Sócrates resolva os problemas indicados, coisa que não fez durante a Legislatura anterior.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Casamento de Homossexuais

Será justo o casamento entre Homossexuais? À luz da Igreja não mas à luz da sociedade actual parece-me que sim.
Numa Sociedade moderna não faz sentido privarmos qualquer cidadão do direito de contrair matrimónio com outro cidadão apenas porque ambos são do mesmo sexo. Sim porque é de direitos que estamos a falar, uma vez que a Constituição da República não permite qualquer tipo de descriminação, seja ela de origem de religião, orientação sexual, cor, raça, etc.
Antes de avançar mais nesta discussão, digo desde já que não concordo com o casamento entre homossexuais, nem com a adopção de crianças por parte de casais homossexuais, um tema tão intimamente ligado a esta discussão.
Mas será que o facto de não concordar me dá o direito de impedir quem está nesta situação?
Obviamente que não tenho esse direito, da mesma forma que sou contra o Aborto mas votei a favor de despenalização do mesmo, uma vez que a minha liberdade deve parar no momento em que se sobrepõe à liberdade dos outros, situação esta que é esquecida pela maior parte das pessoas sempre que achamos que os nossos interesses se devem sobrepor aos do outros.
Mas é esta última situação que a Igreja defende, isto é, sempre que a sociedade tenta mudar algo que as leis da Igreja proíbem, a mesma acha-se no direito de impor a todos os cidadãos (crentes ou não) as leis canónicas.
Todos os cidadãos devem ter os mesmos direitos e o direito ao casamento por parte de casais homossexuais é essencialmente uma questão de cidadania, pelo que o legislador o deverá legalizar e digo legalizar pois não me parece justo impedir os cidadãos de exercer em plenitude a sua cidadania.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Futuro do PSD

Há uns dias atrás, um amigo dizia-me que “o PSD não se pode dar ao luxo de desperdiçar um activo como o Marcelo Rebelo de Sousa” correndo o risco de inclusivamente poder tornar-se um partido com uma expressão residual tal como o BE ou o CDS-PP, isto a propósito da tão propalada disputa pela liderança do PSD.
Mas, se me é permitido opinar sobre o tema, será realmente assim ou esta ideia que é veiculada dentro do PSD mas também na sociedade civil é apenas mais uma daquelas “verdades absolutas” que os diversos “barões” dentro do partido querem que vingue, de forma a manterem o seu poder e estatuto? A ser realmente uma “verdade absoluta” a possível liderança do PSD por parte do Prof. Marcelo será apenas mais uma para ajudar a afundar um Partido que tem vocação de poder e liderança.
Contudo, se realmente o Prof. Marcelo é um activo de excepção (toda a sociedade lhe reconhece competência e mérito), será que o facto de o mesmo não assumir uma posição clara acerca do possível interesse em liderar os Sociais-democratas, indicia que será um líder do politicamente correcto, isto é, um líder da continuidade e não da mudança, que neste momento é imprescindível para a sua sobrevivência.
Neste momento da vida do nosso país, em que os Portugueses não confiam pura e simplesmente na classe política, o povo anseia por políticos que sejam sérios, que pensem no bem comum, que defendam os cidadãos que os elegem (categorias em que o Prof. Marcelo se enquadra) mas também de políticos que estejam dispostos a assumir posição sobre os temas estruturantes da nossa sociedade, muitos deles temas fracturantes, sem terem medo de serem julgados por não assumirem uma posição de consenso, uma posição politicamente correcta.
É nesta última categoria que tenho muita dificuldade em incluir o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, independentemente de lhe reconhecer mérito como quase toda a sociedade, uma vez que, até para a sua possível candidatura à liderança do PSD impôs como condição um apoio consensual de todas as facções dentro do partido.
É nesta última categoria que não tenho dificuldade em incluir Pedro Passos Coelho, a quem grande parte das vozes, dentro e fora do PSD, acusam de pouca experiência para levar a cabo uma boa e efectiva liderança do PSD. Mas qualquer um dos mortais, até lhe ser dada a oportunidade de mostrar o seu trabalho, seja em que área for, será inexperiente; mas será por falta de experiência que devemos castrar as novas gerações de poderem mostrar-nos ideias alternativas e, que em último caso, serão capazes de dar a volta à situação e tirar Portugal do buraco em que se encontra e no qual se afunda cada vez mais.
Não será difícil perceber qual o líder que pretenderia ver no PSD, um Partido no qual me filiei por acreditar que a intervenção política (mesmo que sem qualquer ligação a um partido) é um dever de qualquer cidadão, pois ao alhearmo-nos da intervenção política passamos o ónus da decisão para os outros, fazendo com que não tenhamos depois o direito de reivindicar.
Resta a Marcelo Rebelo de Sousa assumir de vez que quer ser líder do PSD, tal como Pedro Passos Coelho já o fez, ou então de uma vez por todas, assumir que se sente mais confortável como o bom (quem sabe se não o melhor ou pelo menos o mais comentado pelos Portugueses) fazedor de opiniões de Portugal.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Processo Face Oculta

Poderíamos dizer que o Processo Face Oculta é apenas mais uma tentativa de desestabilizar o Primeiro-ministro José Sócrates, isto se ao fim de tantos escândalos ligados a esta figura do nosso (des) governo, não se nos levantasse “ a pulga atrás da orelha” como o povo gosta de dizer.
José Sócrates tem estado ao longo da sua carreira política constantemente envolto em polémicas e escândalos, que se estivesse em qualquer outra democracia civilizada há muito lhe teriam custado o lugar que ocupa e quem sabe, se não ao abrigo da sua imunidade e também do controlo da sociedade aos níveis que apenas ditadores podem atingir, a oportunidade de se explicar perante a Justiça de Portugal; sim explicar-se, pois mesmo mantendo-se a presunção de inocência que todos temos direito até prova em contrário, não fica bem a ninguém e muito menos a quem ocupa o terceiro cargo mais importante do Estado, esconder-se atrás das teorias de conspiração, da imunidade que o seu cargo lhe confere ou das manigâncias que a nossa legislação, sempre a favor de quem tem algo a esconder, permite.
Mas este caso, levanta-nos também a dúvida (razoável) da independência do nosso sistema judicial, pois não é razoável que o Procurador-geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça andem a empurrar um para o outro a responsabilidade perante a sociedade civil de não terem tomado as devidas providências à quatro meses atrás, em pleno período pré-eleitoral, quando tomaram conhecimento de que o PM tinha sido “apanhado” nas escutas efectuadas a Armando Vara.
Este episódio tem levado a um aumento de desconfiança (já de si grande) relativamente às instituições judiciais, gerando a ideia de que no nosso “Portugalinho” existe uma Justiça para os ricos e poderosos e uma (in)Justiça para o povo. Este sentimento do povo começa a causar um grande incómodo ao nível político, com os diferentes “opinion makers” da sociedade portuguesa a esgrimirem os seus argumentos a favor ou contra a situação que se criou mas também causou um grande incómodo para os intervenientes do processo judicial, levando mesmo a que o Conselho Consultivo da Justiça se reúna (situação que não ocorria há vários anos), embora os seus membros não assumam que foi este processo o principal motivo de conversa.
Embora costume dizer que os Portugueses têm os dirigentes (governativos, políticos, judiciais, etc.) que merecem, uma vez que ”somos um povo de brandos costumes” e pouco habituados a reclamar, parece-me que chegámos a um ponto em que já não há retorno e urge tomar uma atitude. Os Portugueses estão fartos dos políticos dos sorrisos constantes, das promessas por cumprir, das “palmadinhas nas costas” mas, que nada fazem para melhorar a vida dos Portugueses.
Resta ao PM, na minha humilde opinião, optar por uma de duas situações, independentemente de “ter culpas no cartório”: ou opta por pedir a divulgação das escutas em que se viu envolvido, uma vez que “quem não deve não teme” ou opta por demitir-se e leva a escrutínio o voto de confiança que alguns portugueses ainda lhe deram nas últimas legislativas.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?