quarta-feira, novembro 25, 2009

Processo Face Oculta

Poderíamos dizer que o Processo Face Oculta é apenas mais uma tentativa de desestabilizar o Primeiro-ministro José Sócrates, isto se ao fim de tantos escândalos ligados a esta figura do nosso (des) governo, não se nos levantasse “ a pulga atrás da orelha” como o povo gosta de dizer.
José Sócrates tem estado ao longo da sua carreira política constantemente envolto em polémicas e escândalos, que se estivesse em qualquer outra democracia civilizada há muito lhe teriam custado o lugar que ocupa e quem sabe, se não ao abrigo da sua imunidade e também do controlo da sociedade aos níveis que apenas ditadores podem atingir, a oportunidade de se explicar perante a Justiça de Portugal; sim explicar-se, pois mesmo mantendo-se a presunção de inocência que todos temos direito até prova em contrário, não fica bem a ninguém e muito menos a quem ocupa o terceiro cargo mais importante do Estado, esconder-se atrás das teorias de conspiração, da imunidade que o seu cargo lhe confere ou das manigâncias que a nossa legislação, sempre a favor de quem tem algo a esconder, permite.
Mas este caso, levanta-nos também a dúvida (razoável) da independência do nosso sistema judicial, pois não é razoável que o Procurador-geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça andem a empurrar um para o outro a responsabilidade perante a sociedade civil de não terem tomado as devidas providências à quatro meses atrás, em pleno período pré-eleitoral, quando tomaram conhecimento de que o PM tinha sido “apanhado” nas escutas efectuadas a Armando Vara.
Este episódio tem levado a um aumento de desconfiança (já de si grande) relativamente às instituições judiciais, gerando a ideia de que no nosso “Portugalinho” existe uma Justiça para os ricos e poderosos e uma (in)Justiça para o povo. Este sentimento do povo começa a causar um grande incómodo ao nível político, com os diferentes “opinion makers” da sociedade portuguesa a esgrimirem os seus argumentos a favor ou contra a situação que se criou mas também causou um grande incómodo para os intervenientes do processo judicial, levando mesmo a que o Conselho Consultivo da Justiça se reúna (situação que não ocorria há vários anos), embora os seus membros não assumam que foi este processo o principal motivo de conversa.
Embora costume dizer que os Portugueses têm os dirigentes (governativos, políticos, judiciais, etc.) que merecem, uma vez que ”somos um povo de brandos costumes” e pouco habituados a reclamar, parece-me que chegámos a um ponto em que já não há retorno e urge tomar uma atitude. Os Portugueses estão fartos dos políticos dos sorrisos constantes, das promessas por cumprir, das “palmadinhas nas costas” mas, que nada fazem para melhorar a vida dos Portugueses.
Resta ao PM, na minha humilde opinião, optar por uma de duas situações, independentemente de “ter culpas no cartório”: ou opta por pedir a divulgação das escutas em que se viu envolvido, uma vez que “quem não deve não teme” ou opta por demitir-se e leva a escrutínio o voto de confiança que alguns portugueses ainda lhe deram nas últimas legislativas.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

Sem comentários:

Enviar um comentário