segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Desemprego em Portugal

Ao ler o artigo do Expresso (30-01-2010) “Queremos um emprego para os nossos pais” a primeira imagem que me veio à cabeça foi a das faces das pessoas que no final de Janeiro pude observar quando me desloquei ao IEFP de Évora, faces estas que como as dos muitos portugueses que se encontram desempregados, mostram expressões de dor mas principalmente desespero, perante a situação em que se encontram.
Falo de desespero pois, em muitos casos mas não só, todos os trabalhadores de uma família se encontram numa situação que está a minar e desagregar as famílias portuguesas e, consequentemente, a sociedade portuguesa. E já nem se pode falar de falta de apoio por parte das entidades competentes (embora ainda não seja, nem de perto, o que seria desejável), uma vez que mesmo tendo em conta a diminuição de tempo mínimo para se poder ter direito ao subsídio de desemprego aprovada recentemente ou o subsídio social de desemprego (cujos valores continuam a ser vergonhosos) há uma realidade a que a maior parte destes desempregados não podem escapar.
Não podem escapar à realidade da crise económica, e não só, que a nossa sociedade atravessa, crise esta que faz com que um indivíduo de 35 anos possa ser considerado novo para se reformar mas velho para trabalhar (assim se desculpam os empregadores). Quanto a esta realidade permitam-me apenas opinar que como é normal nunca seguimos os bons exemplos que vêm de fora, uma vez que nas sociedades mais avançadas os trabalhadores (ou colaboradores, como as empresas gostam de dizer na actualidade) mais experientes são bastante valorizados em virtude dessa mesma experiência. E não pensem que estou a falar de algo que não conheço ou não me afecta, porque o viver e trabalhar fora do nosso país permitiu-me conhecer outras realidades mas também porque o flagelo do desemprego me bateu à porta, fazendo com que pertença aos mais de 500 mil desempregados de Portugal.
Mas voltando ao artigo que me levou a escrever esta crónica, após a revolta inicial mas profunda da situação que os especuladores económicos criaram e que com a ajuda dos (des)governos incompetentes, como o do José Socrates, colocaram o nosso Portugal à beira da ruptura, outra mensagem mais relevante e que me fez acreditar que é possível dar a volta, se me colocou.
Uma mensagem de esperança num futuro melhor, pois os jovens que antes viviam num conceito de sociedade consumista, em que o que é valorizado é a posse de bens materiais, quanto mais caros melhor, são agora jovens que, fruto do desemprego que atingiu os seus progenitores, se voltam mais para uma nova concepção de valores, que valoriza mais o belo da simplicidade, sem necessidade de tanto materialismo e que estão a aprender a viver e a ser felizes com o pouco que têm.
Resta-me apenas pedir aos nossos actuais (des)governantes que criem condições reais para a solução deste flagelo que é o desemprego, mas que não se esqueçam de criar condições para que estes jovens possam ser devidamente apoiados, enquanto os seus pais não o puderem fazer.
Será pedir muito ou será Politicamente (in)Correcto?

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